“Você já ouviu daquele ditado que você tem que fazer de um limão uma limonada? Tem muito pecuarista que fica reclamando da situação do pasto, do preço da arroba e não faz nada para mudar. O que nós temos que fazer é de um limão, uma limonada. Dos problemas, a gente tem que fazer solução”, disse em vídeo especial gravado para o Giro do Boi desta quarta, 19, o engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z”.
É exatamente este o comportamento do médico e pecuarista Fábio Oliveira, titular da Fazenda Recanto do Sabiá, localizada em São João do Piauí, um município da região dos Semiáridos Piauienses que tem pouco mais de 22 mil habitantes e economia baseada na pecuária e agricultura familiar.
Wagner Pires registrou em visita recente à propriedade um exemplo de solução criativa encontrada pelo produtor para o ponto fraco de sua fazenda de pecuária de corte. Com um solo fértil, mas déficit hídrico (na região, o volume anual de chuvas fica entre 500 e 600 mm), o pecuarista buscou um sistema de irrigação para aumentar a produtividade das pastagens, aumentar a lotação e produzir mais uniformemente ao longo do ano.
“Nós implantamos o conceito da irrigação localizada e quebramos alguns paradigmas daquelas antigas irrigações, em que se jogava muita água fora, sem critério de tempo de irrigação e com muito gasto de energia. Então a gente conceituou de uma forma hoje que se faz na fruticultura, com pouca água e alta frequência e trazendo, com isto, automação, fertirrigação. É o que se aplica hoje no Vale do São Francisco na fruticultura”, comparou Whoton, consultor do projeto de irrigação da Fazenda Recanto do Sabiá.
“Em tempos em que a gente está falando a todo momento de otimizar, desmatar menos, fazer áreas sustentáveis e mais produtivas, a irrigação vem como uma solução. A gente tem terras de boa qualidade e também uma água no subsolo de qualidade e abundante. Então a gente pode, sim, fazer com modernidade, com um pouco de investimento, mas também com bastante critério, um sistema intensivo e moderno, que consiga se diferenciar”, ressaltou o proprietário Fábio Oliveira.
Outra inovação do sistema é que as áreas de pastagens foram divididas em piquetes independentes cuja irrigação pode ser acionada especificamente para cada um, e tudo isto controlado à distância pelo celular, conforme exemplificou o pecuarista no vídeo (veja abaixo).
Com a área irrigada, o produtor pôde escolher com mais critério a forrageira a ser utilizada na formação do pasto e, agora, pretende avançar ainda mais em produtividade com adubação e outros manejos para a pastagem. “Ele foi buscar um material híbrido de Brachiaria brizantha para produzir mais, não ficou nas gramíneas que todo mundo está usando. Ele usou irrigação, agora trouxe o Wagner Pires aqui e nós vamos intensificar as pastagens dele, vamos adubar, vamos produzir mais o ano inteiro. Vamos gerar resultado e vamos fazer sucesso, números diferentes para o nosso Brasil”, projetou o agrônomo.
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“É isso que o pecuarista que assiste o Giro do Boi tem que fazer também, tem que inovar, tem que fazer produzir mais porque o Brasil pode. Nós temos luz, temos calor. Se falta água, ele botou a irrigação. Então o pecuarista tem que ser criativo e inovar”, provocou o consultor especialista em pastagens.
Veja pelo vídeo abaixo mais detalhes do projeto de irrigação da Fazenda Recanto do Sabiá, em São João do Piauí-PI: